Igreja de Benguela

REFLEXÃO: CORPUS CHRISTI

Depois da procissão de 16 de Junho 2001.....

 

Caríssimos Irmãs e Irmãos em Cristo,

 

Depois desta solene e fervorosa procissão com o Senhor Jesus, presente na Hóstia Sagrada, talvez se pudesse despensar qualquer tipo de palavra. Bastar-nos-ia estar na presença do Senhor, adora-l´O em espírito e verdade.

O Senhor Jesus está presente no meio de nós no Santíssimo Sacramento, fizemo-l´O passar entre as nossas ruas e entre as nossa moradas. A consciência desta verdade de fé leva-nos à adoração e ao louvor, especialmente nesta dia e nesta Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, comummente chamada Corpo de Deus. Acabamos de manifestar publicamente e com grande devoção e piedade o testemunho da nossa fé na Eucaristia.

Cremos firmemente na santa e sagrada Eucaristia, «porque nela está continuamente e actua Cristo, o Santo de Deus, Aquele que Deus ungiu com o Espírito Santo, consagrado pelo Pai para dar livremente e de novo tomar a Sua Vida. É Ele , de facto, que representado pelo Celebrante, faz a sua entrada no Santuário e anuncia o Seu Evangelho; É Ele que é o oferente e o oferecido, o consagrante e o consagrado (João Paulo II, Mistério e culto da Eucaristia, nº 8b)

Olhando um pouco para a história desta Solenidade, damo-nos conta de que a sua origem está associada com o aparecimento de uma nova piedade eucarística, na Idade Média que acentuava a presença de Cristo no Santíssimo Sacramento. A causa próxima da introdução da festa no Calendário Litúrgico está ligada às revelações da Beata Juliana (sec. 13). E a matéria da revelação foi apresentada ao Papa Urbano IV e submetida aos estudiosos (teólogos), primeiramente celebrava-se na 5ª feira do oitavário do Domingo da Santíssima Trindade.

A primeira menção da procissão nesta dia encontramo-la na Diocese de Colónia ( Alemanha); no século 14 estende-se por todas as dioceses da Alemanha, Inglaterra, França e Roma.

A princípio, no séc. 15, ao longo da procissão tinha-se como intenção suplicar a Jesus Sacramentado o bom tempo e a boa colheita. Assim, ao chegar ao lugar da benção final, diante de quatro altares, cantavam-se os hinos dos 4 Evangelhos. Era comum a convicção e fé de que o canto destes hinos traria uma particular ajuda e proteção de todos os perigos.

Pe Sumbelelo na consagração da Missa Pascal -
Cassai, Lobito

Esta devoção, esta procissão suplicante e as vezes com cunho penitente, torna-se importante para os fiéis que fazem tudo para torná-la mais esplendida. E assim no tempo da Reforma, a procissão do Corpo de Deus assume outro carácter: torna-se profissão de fé na real presença de Cristo no Santíssimo Sacramento. Continua-se a cantar os hinos dos 4 Evangelhos, na certeza de que sob as espécies de Pão está presente Cristo no meio de nós, Aquele Cristo que um dia viveu na terra e cujo Evangelho é cantado e anunciado.

Queridos irmãos, « Cristo no admirável Sacramento nos deixou o memorial da Sua Páscoa e a Igreja, nossa Mãe e Mestra, ao longo dos séculos, celebrando a Eucaristia " anuncia a morte do Senhor e proclama a Sua Ressurreição e espera pela Sua vinda gloriosa". Cristo, de modo admirável, permanece no meio de nós: faz-nos participar no seu sacrifício de Redenção e faz-se nosso alimento. Ele oferece-nos o Seu corpo e com o seu sangue purificou-nos de todos os pecados. O seu sacrifício trouxe a paz e a salvação a todo o mundo

A solenidade que hoje celebramos, é festa de toda a Igreja que se nutre do Corpo e Sangue de Cristo: e, por conseguinte, todos os seus fiéis tornam-se " um só corpo e um só espírito em Cristo". A potência do Espírito Santo reveste todos os crentes e faz com eles se tornem em Cristo Sacrifício vivente para glória de Deus Pai. A Eucaristia torna-se para quem acredita o pre-anúncio da plena participação na vida de Deus na Eternidade e penhor de Vida Eterna. Diz o Senhor Jesus: " quem come o Meu Corpo e Bebe o meu Sangue terra a vida Eterna.

Que o Senhor Jesus Cristo, realmente presente na Eucaristia, « que Se põe a caminho connosco pelas nossas estradas deixando-Se reconhecer, como sucedeu aos discípulos de Emaús, « ao partir do pão » (Lc 24,35), possa encontrar-nos vigilantes e prontos para reconhecer o seu rosto e correr a levar aos nossos irmãos o grande anúncio: « Vimos o Senhor! » (Jo 20,25).» (Extracto da Carta Apostólica Novo Milénio ineunte de João Paulo II)

 

Amén !

Pe. Emílio Sumbelelo

 



voltar a pagina "Igreja de Benguela"



ultima revisão deste pagina 12 de Novembro 2001